Liliana Velho

Aqui celebram-se micro práticas. Esta exposição é composta por várias jarras e pequenos vasos para flores. A primeira parte do trabalho começa no campo, em Montemor-o-Novo e em Viseu, onde recolho flores e plantas que vivem em secreta invisibilidade. Quando colho uma flor descubro outra e assim começa o trabalho de modelação em barro. Para cada flor tem que existir uma jarra diferente. depois é tempo de fazer os arranjos florais e construir micro paisagens. Inventam-se ecossistemas, onde uma folha pode ter quilómetros e uma pétala pode tapar o sol.

É tão bom ser pequenino.

A partir da utilização de um objecto comum, de baixo custo, moldável, modular, transportável e reciclável, surgiu a ideia de criar um espaço de convívio que se pudesse adaptar às várias dinâmicas realizadas no Largo Pintor Gata. As peças do mobiliário exterior não exigem uma organização definida, estas podem ser apropriadas pelas pessoas, alterando a configuração inicial. A instalação inspira-se no anti-design, mas dele, só fica a provocação aos sentidos. O público é convidado a usar e a experimentar os diferentes módulos.

Apoio | Padaria e Confeitaria Salinas II, Estrela D’ovo – Produção E Comércio De Ovos, Lda, Casa do Aido, Macovex, Pastelaria Horta, Pastelaria Capuchinha do Rossio.

Liliana Velho e Rafael Gomes

Fotografias Fernando Carqueja

Depois de mil anos de orações, existiram dois minutos de felicidade. Duas mãos gigantes baixaram-se até ao chão e levantaram-na. Descobriu-se o tamanho de um abraço infinito.

É com as mãos que rezamos, é com elas que tentamos uma comunicação com o desconhecido e são várias as tentativas de aliança com aquilo que desconhecemos. Por aqui supomos que o divino seja uma presença simpática, que nos ouve e compreende. Assim, estas mãos simbolizam um desejo concretizado, uma promessa cumprida, à semelhança de um ex-voto, são uma forma de agradecimento, do frágil mundo dos homens para o misterioso mundo dos Deuses.

Fotografias Fernando Carqueja

RECEITA PARA DESAMAR

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(e as histórias dos vizinhos)

A clavícula tem uma irmã gémea e sempre se deram mal. Uma é de esquerda e a outra é de direita. Ambas se apaixonaram pelo esterno, que nunca quis saber delas, porque tem um harém de costelas.

A clavícula é um osso que nos desenha o peito, que faz o enquadramento da caixa torácica. Dentro desta caixa vive o coração e tudo o que cabe dentro dele. Partindo deste órgão e do poema “ O amor bate na aorta” do Drummond de Andrade, desenha-se uma exposição.

Aqui o corpo faz-se paisagem. Pernas pés, seios e braços constroem um cenário de fragmentos, onde o vazio entre eles é o que nos informa do que realmente está lá.

O Corpo sem Órgãos (CsO) surge primeiro com Artaut, e torna-se um conceito-chave na filosofia de Deleuze e Guattari. Contudo, não podemos dizer que se trate efectivamente de um conceito ou de uma noção definida, mas antes de um conjunto de práticas. O CsO não se apreende, vive-se.

Declara-se guerra aos órgãos. Eles desempenham funções em organizações hierarquizadas e estão ligados ao corpo anestesiado, à rotina improdutiva, ao corpo que perdeu a capacidade revolucionária. O CsO procura desfazer-se desta organização para produzir uma realidade nova, uma outra forma de sentir e de viver.

Aconselha-se prudência.

“Porque não andar com a cabeça, cantar com os seios, ver com a pele, respirar com o ventre, Coisa simples, Entidade, Corpo cheio, Viagem imóvel, Anorexia, Visão cutânea, Ioga, Krishna, Amor, Experimentação. Lá onde a psicanálise diz: Parem encontrem o vosso ego, será preciso dizer: vamos ainda mais longe, não encontrámos ainda o nosso CsO, ainda não destruímos bastante o nosso ego. Substituam a anamnese pelo esquecimento, a interpretação pela experimentação. Encontrem o vosso corpo sem órgãos, saibam construí-lo, é questão de vida ou de morte, de juventude e de velhice, de tristeza e de alegria. E é aí que tudo se joga”

(Deleuze, Guattari, Mil Planaltos, vol.2)

Deixei a frase: Liga-me quando chegares a casa, em uma rua de Montemor-o-Novo, ao lado desta frase está o meu número de telefone. O projecto partiu da necessidade de ter alguém que se preocupe em saber onde estamos e quando voltamos para casa. Não tenho um plano ou guião para seguir, espero ir construindo este projecto com as chamadas que vou recebendo. Segunda feira (7 de Dezembro 2017) foi o primeiro dia, recebi 5 chamadas. Todos tinham acabado de chegar a casa, com alguns conversei mais, com outros conversei menos e ainda não tenho nenhum stalker :)
As vitrines são uma galeria de rua, que se chama Brevemente. Projecto das Oficinas do Convento, aberto a propostas link aqui http://www.oficinasdoconvento.com/?p=8059

A possibilidade de um não-lugar só existe quando nos movemos entre lugares. Quantos existem e por quantos já passámos? «Espaços onde nem a identidade, nem a relação, nem a história fazem realmente sentido, em que a solidão se experimenta (…), em que só o movimento das imagens deixa entrever, por instantes, àquele que as vê fugir, a hipótese de um passado e a possibilidade de um futuro.» Quem somos quando estamos num não-lugar?

Arqueologia Imaginária.

Fotografias Fernando Carqueja

Exposição Colectiva JARDINS EFÉMEROS 2015

 Memento Mori  descreve as representações visuais da morte no final da Idade Média. Essas representações assumiram formas diferentes, poderiam ser objetos de nossas vidas diárias ou obras de arte e decoração e seu objetivo era lembrar as pessoas de sua mortalidade. Como o corpo após a morte é "desconstruído" e desaparece. Mas a presença delas permanece no mundo através de objetos ganhando novos significados contextuais após a morte. Para os enlutados, este é um processo de reparação, um lembrete do corpo anterior. Objetos mundanos e inúteis adquirem um significado novo e intenso, como símbolos de um triunfo sobre a perda. O que sentimos em um determinado objeto, espaço ou cheiro é profundamente marcado por nossas experiências passadas e pessoais e únicas.  Maria de Betânia, Ricardo Correia, Liliana Velho